Em uma saga diária que envolve determinação e criatividade, Júlio César, morador da zona rural de Crixás de Goiás, atravessa o Rio Crixás em uma balsa improvisada para garantir que sua filha, A.J., de 11 anos, chegue à escola. A falta de uma ponte segura e a ausência de transporte escolar próximo à sua residência levaram o operador de máquinas a criar uma solução única para enfrentar os desafios.
O trajeto até o ponto onde o transporte escolar passa envolve aproximadamente 30 minutos de travessia, uma jornada que já é perigosa por natureza. As intempéries climáticas, no entanto, tornam a situação ainda mais complexa, como Júlio compartilhou: "Hoje mesmo ela não foi para a aula. Choveu muito à noite e encheu o rio. Nem na balsa deu para passar."
Júlio inicia sua jornada por volta das 10h30 para garantir que A.J. esteja no ponto de parada da van escolar até 11h. No retorno, a travessia é desafiadora, com a escuridão aumentando o perigo. Em meio às dificuldades, ele relata: "Se chove não tem ponto de apoio, não tem nada. Ontem eu embrulhei ela em uma lona, porque estava chovendo."
A situação se torna ainda mais complexa devido à mudança de escola de A.J. que, até o ano passado, frequentava uma escola rural próxima de sua residência. No entanto, Júlio conseguiu uma vaga no Colégio Estadual Prudêncio Ferreira de Faria, uma das 82 unidades militares em Goiás. O pai buscou, sem sucesso, na prefeitura de Crixás uma solução para o transporte escolar, sendo informado que a responsabilidade é do Governo de Goiás, pois a escola é estadual.
Apesar das promessas da prefeitura em relação à construção de uma ponte, Júlio afirma estar cansado de esperar: "É uma ponte prometida há dez anos. Nossa região fica quase que isolada. Tem outro caminho para ir para a cidade, só que é longe. São 42km de estrada ruim, cheia de atoleiro, e não tem jeito de passar. O caminho mais perto é passar pelo rio."
Fonte: Texto com informações do Mais Goiás
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