Idade não define potencial: valorizando o profissional experiente
Por Cassio Quintao Vaz de Mello?
Entre os desafios no mundo organizacional, o etarismo – a discriminação baseada na idade – tem se tornado uma preocupação crescente, impactando carreiras, oportunidades e até a autoestima de muitos trabalhadores. O que poucos percebem é que, mais cedo ou mais tarde, todos podemos ser vítimas dessa forma de preconceito.
O etarismo pode afetar qualquer pessoa, independentemente de sua trajetória ou conquistas. Este preconceito frequentemente se manifesta contra idosos, mas também pode atingir jovens, perpetuando estereótipos e limitando oportunidades.
No ambiente corporativo, o etarismo muitas vezes se mistura a questões ligadas a inovação. Profissionais experientes podem ser considerados “desatualizados”, enquanto jovens podem ser rotulados como “imaturos” ou “inexperientes”. Ambos os extremos ignoram o valor individual e criam barreiras injustificadas.
Além disso, na sociedade, narrativas reforçam que o envelhecimento é algo a ser temido, um declínio inevitável. Isso resulta em exclusão social, onde as vozes dos mais velhos são silenciadas e suas contribuições negligenciadas.
O Etarismo no Mercado de Trabalho
No mercado de trabalho, o etarismo pode se manifestar de diversas formas, desde a exclusão de candidatos “muito velhos” para uma vaga até a falta de valorização de profissionais maduros dentro das empresas. Infelizmente, muitas organizações ainda associam profissionais mais velhos (50+, 60+) a falta de energia, flexibilidade e inovação; uma grande miopia.
Profissionais com mais de 50 anos enfrentam maior dificuldade para recolocação no mercado de trabalho, mesmo possuindo qualificações adequadas. Muitas empresas acabam desconsiderando o vasto conhecimento e a maturidade que profissionais mais experientes podem oferecer.
Abaixo sugiro alguns pontos importantes a serem tratados pelas empresas:
1. As empresas precisam adotar práticas mais inclusivas, valorizando a diversidade geracional e promovendo o aprendizado contínuo para todas as idades.
2. É fundamental eliminar vieses inconscientes nos recrutamentos, garantindo que a experiência e as habilidades sejam priorizadas em vez da idade.
3. É preciso incentivar programas de conscientização para ajudar a combater a percepção de que profissionais mais velhos não conseguem se adaptar às novas tecnologias.
Os efeitos do etarismo vão além da esfera profissional. A exclusão pode levar a problemas emocionais, como ansiedade e depressão, além de afetar a economia, pois profissionais experientes são afastados do mercado de forma prematura, gerando desperdício de talentos e conhecimentos acumulados.
Em suma, o etarismo é um problema real, mas que pode ser combatido com conscientização e mudanças práticas. A realidade é que o tempo passa para todos, e o que hoje pode parecer uma questão distante pode se tornar um desafio pessoal no futuro. Precisamos construir um mercado de trabalho mais inclusivo, onde a idade não seja um fator de exclusão, mas sim mais uma dimensão da diversidade. Afinal, a experiência também é um ativo valioso – e todos nós podemos precisar dessa valorização um dia.
Cassio Quintao Vaz de Mello
É membro do conselho da ABRH-DF e Colunista Imprensa do Cerrado