Posição majoritária entre todos os comandos dos municípios da sigla é de apoio a candidatura própria; entretanto, necessidade de união com Ronaldo Caiado é quase unânime
MDB e DEM vivem, hoje, uma das mais intensas negociações para a disputa pelo governo de Goiás em 2018. Com a crença de que, unidos, têm mais chances de derrotar o candidato do governador Marconi Perillo (PSDB), cada um deles tenta costurar o apoio do outro ao seu pré-candidato: por um lado, o MDB tem o deputado federal Daniel Vilela, enquanto o DEM tem o senador Ronaldo Caiado.
Apesar de o MDB ter nome próprio, é quase unânime no partido que a aliança com Caiado ainda não deve ser descartada, principalmente porque as pesquisas eleitorais divulgadas até agora mostram o senador na liderança do pleito.
Levantamento de O POPULAR mostra visão dos prefeitos de que, mesmo se fizer uma chapa conjunta, o MDB não poder abrir mão de uma candidatura própria. Dos atuais 33 que integram a sigla, pelo menos 18 declararam oficialmente apoio a Daniel, argumentando que o partido não pode abrir mão da cabeça de chapa e que o deputado tem o perfil que o eleitor quer.
“Para mim está claro que o candidato é o Daniel, as pesquisas qualitativas indicam que o eleitorado quer renovação. Pesquisa quantitativa não tem nenhum significado hoje. A imensa maioria do partido está com Daniel, o perfil dele é para ganhar eleição, é melhor candidato até que o pai, ele não fica naquela política antiga de ficar discutindo com os outros”, defendeu o presidente da Federação Goiana de Municípios (FGM) e prefeito de Campos Verdes, Haroldo Naves.
Além disso, a maioria das lideranças pró-Daniel cobra “gratidão” de Caiado, já que o apoio ao do MDB foi fundamental para sua eleição ao Senado em 2014. “Eu não tenho nada contra o Caiado, mas quando ele chegou ao senado o MDB abraçou, agora ele não quer ir com a gente?”, questionou Silvio Isac (MDB), de Amarinópolis.
O grupo pró-Daniel também questiona o argumento de usar pesquisas quantitativas como critério: apesar de o Daniel estar atrás de Caiada, a avaliação dos emedebistas “danielistas” é de que os números ainda devem mudar. “Se for fazer pesquisa tem que ser qualitativa. Se fosse pelo quantitativo eu nunca teria sido candidato e ainda assim eu venci com diferença de 80 mil votos”, pontuou o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha.
Para o prefeito de Goianésia, Renato de Castro, entretanto, o MDB devia considerar que as pré-candidaturas de Daniel e Caiado já estão postas há muito tempo e não houve mudanças significativas nas pesquisas: “Depois de dois anos e meio que já começou essa pré-campanha, a análise que a gente faz é que antes as pessoas só falavam de política em período eleitoral, mas, agora, depois das redes sociais, a campanha é todo dia. Na época em que as pesquisas variavam muito, o tempo de televisão valia bastante”.
Para a maior parte dos correligionários, entretanto, Daniel atende bem os prefeitos e tem capacidade de atrair outras siglas. “A gente vê que o Daniel está preparado, é humilde e acessível. O Caiado é um cara bom, mas quando assume o partido, você vesta a camisa”, afirma a prefeitura de Caçu, Ana Cláudia Lemos, que é presidente metropolitana do MDB.
UNIÃO
A opção por Daniel não significa, contudo, que o partido rejeita Caiado. Ao contrário, dos 18 prefeitos, quase todos reforçaram a importância da união, mesmo os que defendem que o MDB não pode abrir mão da cabeça de chapa. É a opinião, por exemplo, do prefeito de São Luiz do Norte, Jacob Ferreira: “Se o partido conseguir unir, terá uma candidatura reforçada. Mas lançaremos candidato”. “A gente unido dá trabalho para ganhar, imagina desunido?”, complementou Sinomar do Carmo, prefeito de Aloândia.
No mesmo caminho, apesar de terem admitido recentemente a possibilidade de apoio ao Caiado mesmo que o MDB optasse por sair sem o DEM na disputa, os prefeitos Adib Elias, de Catalão, e Paulo do Vale, de Rio Verde, amenizaram as declarações e reforçaram que sua defesa é de que os dois saiam juntos.
“Vejo a possibilidade sim, de o partido apoiar um outro candidato que não seja do MDB, mas vamos aguardar a decisão”, pontuou Paulo do Vale. “O que nós temos tentando o tempo todo é que haja um processo de diálogo, de uma postura de caminhar juntos”, complementou Ernesto Roller, de Formosa.
REPERCUSSÃO
Para Daniel, o número de prefeitos que declararam apoio a ele não é uma surpresa. “Eu sempre procurei representar a vontade da maioria do meu partido, nunca coloquei projeto pessoal na frente do MDB. Não é só uma vontade minha, se o cenário não fosse esse, eu nem colocaria meu nome como pré-candidato”, declarou.
Procurado, Caiado informou, pela sua assessoria, que não irá se posicionar sobre questões internas do MDB. Em entrevista ao O POPULAR durante a semana, entretanto, o senador disse “ter respeito pelo MDB”. “Sou grato, reconheço em público o quanto foi importante para a minha eleição. Vamos governar unidos e dar continuidade a um governo que precisa fazer as maiores mudanças de Goiás”, disse Caiado.
Fonte: O Popular