Um vídeo divulgado pela Polícia Federal mostra o momento em que uma mulher dá entrada em um dos benefícios em uma agência da Previdência Social em Porangatu, na região norte do estado. As imagens mostram ela no guichê, sendo atendida por um servidor do INSS, enquanto um advogado, que a acompanha, aguarda nas cadeiras de espera (assista acima). Todos os três foram presos na operação desta terça-feira.
Conforme divulgado pela Superintendência da PF em Goiás, as investigações começaram há dois anos, depois que foram identificadas concessões irregulares principalmente de benefícios rurais para o pagamento de pensão por morte.
"Foram presos os presidentes das agências da Previdência Social em Niquelândia e Porangatu e uma outra servidora do INSS foi conduzida coercitivamente para prestar depoimento. Além disso, quatro advogados foram presos. Também são alvos os presidentes e ex-presidentes de sindicatos rurais, agenciadores, fazendeiros e beneficiários", disse a delegada Marcela Rodrigues, da Delegacia de Repressão a Crime Previdenciários da PF em Goiás.
De acordo com a polícia, os valores eram recebidos de forma retroativa após a apresentação de declarações falsas emitidas por fazendeiros e sindicatos rurais. "Os beneficiários ficavam com os valores pagos a partir do momento que a pensão ou aposentadoria era dada. Os valores retroativos ficaram com a quadrilha e eram divididos entre os membros", explicou a delegada.
Em nota enviada pelo INSS ao G1, Marcelo de Henrique Ávila, da Coordenação-Geral de Inteligência Previdenciária (Coinp), da Secretaria de Previdência, afirma que esta foi a maior operação do ano. Ele diz que “o monitoramento feito no perfil das concessões de benefícios com pagamentos retroativos naquelas agências foi fundamental para detectar a fraude”.
"Geralmente existe um padrão na concessão de benefícios em cada agência. Quando, no nosso monitoramento, percebemos uma distorção em determinado benefício entramos em alerta e começamos uma análise interna para entender o porquê do aumento abrupto dessas concessões", afirma na nota.
O G1 também entrou em contato, por email e telefone, com a assessoria de imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Goiás (OAB-GO) e aguarda um posicionamento da instituição sobre o caso.
Todos são investigados pelos crimes de estelionato previdenciário, falsificação de documento público, fraude processual e organização criminosa.
De acordo com a delegada Marcela Rodrigues, alguns fraudes eram grotescas. "Em um dos casos, uma mulher inventou dois filhos, mas os fraudadores não se atentaram às datas. Com a data de nascimenhto deles, era como se a mulher tivesse dado à luz aos 9 e 11 anos. E eles foram registrados depois da data da morte do pai", relatou.
Em um segundo processo, um casal inventou a existência de dois outros cônjuges e até filhos. “Os dois eram casados. Mas o homem forjou documentos de uma outra esposa, que nunca existiu, a mulher criou a existência de um esposo que nunca existiu, cada um criou documentos de filhos que nunca existiram e deram entrada em benefícios. O prejuízo causado por eles é de R$ 100 mil cada”, disse a delegada.
Além disso, é possível observar algumas fraudes visualmente, sem a necessidade de perícia. Entre elas estão o nome de cartórios que não existem e a data de autenticação dos registros feitas com data anterior a da assinatura do documento.
Veja o Vídeo: http://g1.globo.com/goias/noticia/policia-federal-faz-operacao-contra-fraudes-em-beneficios-do-inss-em-goias-e-df.ghtml
Fonte: G1 Goiás.